Mato Grosso continua sendo o estado em que mais vale a pena usar o etanol para abastecer. O valor médio do combustível na semana passada correspondeu a 64,57% do valor médio da gasolina, mesmo com as oscilações mais recentes observadas no mercado. A análise é do presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco.

“O mercado convenciona que, para ser considerado atrativo, o etanol deve corresponder a até 70% do valor da gasolina. Na média brasileira, esse percentual foi superado, mas em Mato Grosso a relação continua sendo vantajosa para o consumidor final”, explica Nolasco. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) referentes à semana de 12 a 18 de janeiro indicam que o valor médio no Brasil do etanol hidratado chegou a R$ 3,241 – superando a barreira dos 70% pela primeira vez desde abril de 2018.

Dentre as capitais com maior consumo de etanol, Cuiabá continua tendo o preço mais atrativo. Mesmo com uma pequena alta de 1,69% de uma semana para a outra, a comparação do preço do etanol com a gasolina ficou em 64,57%, a melhor entre São Paulo (69,74%), Curitiba (74,83%), Goiânia (70,58%), Rio de Janeiro (85,12%) e Belo Horizonte (68,68%).

“Não bastasse ser uma opção mais acessível de combustível para o consumidor final, o etanol é a alternativa mais sustentável e ambientalmente correta para se abastecer. A emissão de gases de efeito estufa durante a produção de etanol de milho, por exemplo, é de 71% a 100% inferior ao volume emitido quando se produz gasolina”, cita o presidente.

Os percentuais foram mensurados em estudo de 2018 realizado pela Agroícone e pela Iniciativa para o Uso da Terra (Input), que tomou como referência uma indústria autônoma de etanol de milho com capacidade de produção anual de 500 milhões de litros.

Nolasco destaca também o caráter inclusivo do etanol de milho produzido em Mato Grosso. “Estamos falando de um negócio local, que fomenta a economia regional, com arrecadação de impostos e geração de emprego e renda. Além de um valor mais competitivo na bomba se comparado com a gasolina, o etanol é mais sustentável e tem impactos sociais. É a melhor alternativa”, afirma.

Ele cita como exemplo a projeção de geração direta e indireta de 8,5 mil empregos somente nos anos de instalação de uma fábrica similar à analisada no estudo AgroÍcone/Input. Quando entra em operação, esse volume de postos de trabalho se amplia para mais 4,5 mil empregos ao ano.

 

Conjuntura

Especificamente em Mato Grosso, a cotação do etanol junto ao consumidor final tem oscilado em decorrência de três fatores principais. O primeiro é a alta no valor do milho, motivada por um cenário composto por redução nos estoques disponíveis, demanda firme para exportação e aumento na demanda para consumo interno.

No ano de 2019, o valor médio do milho foi de R$ 21,48 por saca, segundo o indicador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No último boletim setorial, o valor alcançado foi de R$ 36,39/sc na média de todas as regiões – um aumento de 69%. Somente no período de 17 de dezembro de 2019 a 17 de janeiro de 2020, a alta nos preços foi de 13,42%.

Além disso, de 20 de dezembro de 2019 a 24 de janeiro deste ano, o valor médio de venda do etanol das usinas produtoras para as distribuidoras aumentou 8,15% – já incluindo a ampliação de 2 pontos percentuais na alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Os dados são do Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada – Cepea.

“Mesmo considerando essas oscilações, abastecer com etanol em Mato Grosso ainda é a melhor escolha”, reitera o presidente da Unem.