O governo da Índia, por meio de seu ministro dos transportes, Nitin Gadkari, anunciou que vai permitir que os automóveis produzidos naquele país utilizem a tecnologia flex fuel e possam ser abastecidos com etanol. A decisão, de acordo com Gadkari, vai favorecer a economia local, já que a Índia tem grande dependência do petróleo importado para abastecer o seu setor de transportes, além do meio ambiente, pelo fato de o etanol ser renovável e menos poluente. Para se ter ideia, um litro de etanol produzido no país asiático custa entre 60 e 62 rúpias, enquanto a gasolina não sai por menos de 100 rúpias.
A decisão do governo indiano pode favorecer não só o setor sucroalcooleiro brasileiro (que pode se tornar um grande exportador de etanol e dos equipamentos para a sua produção), mas, principalmente, as montadoras e as fornecedoras de tecnologia, que detém a expertise do sistema flex fuel, como já havia sido comentado pelo CEO e presidente da Volkswagen para a América Latina, Pablo Di Si.
O ministro Gadkari, aliás, mencionou Brasil, Estados Unidos e Canadá como exemplos de mercados onde os carros já usam etanol como combustível, fez um apelo para que fabricantes como BMW, Mercedes-Benz e Toyota desenvolvam veículos que possam usar etanol por lá. “Estamos apresentando esse programa agora e dentro de três meses vamos começar a implantá-lo”, declarou o político.
A Índia é o segundo país mais populoso do mundo (em cinco anos deve ultrapassar a China) e em poucos anos deve se tornar o terceiro maior produtor de veículos do mundo, atrás só de China e EUA. O país asiático já havia aprovado misturar 10% de etanol à gasolina até 2022 e 20% até 2025, acima dos 8,5% atualmente (no Brasil, são 27%).
Além das montadoras que fabricam carros flex no Brasil, outras marcas estão avançando em pesquisas para usar o álcool em automóveis voltados a outros mercados globais, especialmente associados à eletrificação. Nas últimas semanas, a Nissan anunciou um projeto para produzir eletricidade a partir do etanol em células de combustível e a BMW divulgou o desenvolvimento de um gerador para o modelo elétrico i3 com o mesmo com combustível.
Nitin Gadkari afirmou ainda que o governo já começou a emitir permissões para que os postos de serviço tenham bombas de abastecimento com etanol e que duas dessas instalações já foram inauguradas na cidade de Pune, uma das principais do país. Além da cana-de-açúcar, a Índia pode produzir etanol a partir de grãos como arroz e milho e atualmente.
O ministro disse ainda que montadoras de motocicletas, ciclomotores e veículos de três rodas (muito populares na Índia), como a TVS e a Bajaj, já desenvolveram modelos com motores que funcionam exclusivamente com etanol e pediu que as demais fabricantes sigam o mesmo caminho e lancem seus próprios modelos.
Fonte: Automotive Business