A política ambiental avança para estabelecer os Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas e Mecanismos para a Mensuração e Certificação de Créditos de Carbono. A necessidade de cumprir compromissos internacionais firmados por países signatários do Acordo de Paris nos levam a criação de um mercado regulado de carbono, com capacidade de mensurar nossos infundáveis ativos para alcançar as metas obrigatórias de contribuições nas mitigações de gases de efeito estufa (GEE) para o setor público e privado e a fim de evitar o aumento da temperatura global.

O Brasil terá a oportunidade de mensurar, certificar e monetizar a maior economia verde do “planeta”, se posicionando como o principal produtor e fornecedor de alimentos sustentáveis para o mundo, aliado com a melhor matriz energética renovável disponível por força dos biocombustíveis.

Detentores da mais avançada tecnologia tropical para produzir alimentos, o Brasil é precursor nas atividades de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF). Produzimos e mitigamos carbono com rotação de várias culturas que nos fornecem alimentos, fibras, proteínas, ativos florestais e biomassas para geração de energia e biocombustíveis.

Com a mensuração e monetização do carbono e metano evitado deste modelo ímpar de produção, temos a obrigação de ocupar o posto mais alto do mercado mundial de carbono, substituindo a imagem e conotação deturpada de uma região devastadora da natureza.

A regulamentação do mercado de carbono vai revolucionar o mercado mundial, com geração adicional de renda aos setores de economia sustentável, além da possibilidade de remuneração por serviços ambientais, mediante a preservação de áreas potenciais de produção com a vegetação nativa. Mas a virada de chave está no compartilhamento de responsabilidades, todos poderão contribuir com a segurança climática, com o bem-estar social e com a qualidade de vida das populações futuras. Setores produtivos, Governos e consumidores terão que dividir essa responsabilidade.

As economias de baixo carbono estão inseridas, cada vez com maior participação, nos negócios globais. No campo e nas cidades, empresas e pessoas vão contabilizar suas emissões e buscar alternativas para compensá-las, seja pela mudança de hábito ou com investimentos em produtos e serviços de menor impacto.

Essa coparticipação de todos os agentes é fundamental para que os custos das pesquisas e das tecnologias aplicadas para o melhoramento dos processos produtivos não sobrecarreguem apenas um lado. Ao mesmo tempo, é indispensável que haja estímulos para que a indústria da sustentabilidade não pare, esteja sempre em busca de soluções mais eficientes e eficazes, por meio de renda adicional, disponibilidade de créditos especiais, tributações e políticas públicas que valorizem o ambiente de negócio sustentável na onda ESG cada vez mais valorizada no mundo de negócios.

Enquanto representante do setor, vou usar o exemplo do etanol de milho, que envolve todas as esferas sociais e sustentáveis. As emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis é um problema de saúde pública, responsável pela baixa qualidade do ar e causa de doenças respiratórias nas pessoas.

Os combustíveis fósseis, utilizados nas indústrias e nos veículos, são um dos principais carbonizantes, vêm de uma matriz não renovável e ainda tem toda uma questão geopolítica envolvida que envolve disputas econômicas e até guerras.

O etanol de milho é uma fonte de energia limpa, emite 85% menos gases de efeito estufa, é renovável e contribui para toda uma cadeia produtiva que vai desde o produtor de milho, de proteínas e de florestas plantadas, passando pelas indústrias, e toda sua contribuição com geração de empregos, renda e arrecadação de impostos e vai até lá o varejo, onde o consumidor abastece.

Mas não para aí, o mercado de carbono já é uma realidade nesta cadeia de produção. Por meio do RENOVABIO, os produtores de biocombustíveis emitem créditos (CBIOS) para que os consumidores de combustíveis fósseis mitiguem suas emissões. A meta para 2022 é de emitir 35 milhões de CBios, sendo que cada CBio corresponde a uma tonelada de carbono evitada.

Ciente disso, cabe ao consumidor escolher com qual combustível vai utilizar. Claro que, aspectos financeiros pesam, sobretudo em momentos de crise econômica, mas a conta a ser feita vai muito além da comparação de rendimento por quilometro entre etanol e gasolina. A tecnologia embarcada nos motores de última geração, a cada dia trazem mais desempenho no uso do biocombustível.

O etanol é reconhecido como parte fundamental no processo de eletrificação dos carros no Brasil. Montadoras já estão investindo em pesquisas para melhorar o rendimento dos veículos e inclusive para produção de energia a partir de moléculas de hidrogênio presentes no etanol.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, a preocupação é maior do que a conservação da natureza, abarca segurança alimentar, responsabilidade social e redução de impactos climáticos. E a contribuição ao meio ambiente está à disposição em toda rede nacional de abastecimento!

Guilherme Linares Nolasco é presidente-executivo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).