O Brasil conta com cinco usinas produtoras de etanol de milho em operação, das quais quatro estão em Mato Grosso. Já projetos avançados e em fase de instalação são seis, sendo cinco no estado. Considerada uma grande alternativa para o cereal, com capacidade para resultar outros três produtos, além do etanol, a agroindustrialização do milho é considerada a 2ª revolução econômica de Mato Grosso. Em três anos a perspectiva é que o consumo de milho entre as usinas que estão em operação e projetos em andamento chegue a 7 milhões de toneladas e em 10 anos a 17 milhões.

A agroindustrialização do milho, em Mato Grosso principalmente, foi debatida na tarde de quinta-feira, 12 de julho, último dia da feira de negócios e tecnologia AgroMT em Cuiabá. O assunto foi apresentado pelo presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Ricardo Tomczyk, e em seguida debatido juntamente com produtores, através de debate mediado pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira.

Em Mato Grosso, segundo dados da Unem, estão em operação no modo “flex”, ou seja, produzindo etanol de milho e cana-de-açúcar as usinas Usimat, Destilaria Libra e a Usina Pantanal/Porto Seguro, além da FS Bioenergia de Lucas do Rio Verde no modo full (100% milho). Há ainda a usina SJC em Goiás, também flex.

Já em termos de projeto para construção estão em andamento a duplicação da capacidade de produção da FS Bioenergia em Lucas do Rio Verde, bem como a construção de uma unidade em Sorriso. A construção da Inpasa, também 100% etanol de milho, em Sinop. Além da construção da Alcooad (full) e Etamil (flex), também em Mato Grosso. Já em Goiás a usina Cerradinho (flex).

“Somente a FS Bioenergia com as unidades de Lucas do Rio Verde e Sorriso deverá consumir cerca de 10% do milho produzido em Mato Grosso. A Inpasa, em Sinop, deverá consumir um milhão de toneladas do cereal. Não é apenas etanol que se produz nas usinas com o milho. É uma agregação de valor a custo mínimo e de forma sustentável”, pontuou o Ricardo.

De acordo com levantamento da Unem, com uma tonelada de milho é possível produzir 420 litros de etanol, 180 Kg HF + 105 Kg HP (seco) de DDG (produto utilizado para ração animal, tanto de bovinos quanto de aves, suínos e peixes), 18 litros de óleo de milho (que pode ser refinado ou virar biodiesel), além da co-geração de energia elétrica, diante o uso de biomassa.

Na avaliação de Ricardo Tomczyk a produção de milho deverá ultrapassar a de soja em breve. Na safra 2016/2017 Mato Grosso produziu 31,2 milhões de toneladas de soja e 30,5 milhões de toneladas de milho. Já nesta safra 2017/2018 foram 32,5 milhões de toneladas em soja e 26,3 milhões em milho, conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Para o vice-presidente da Abramilho e presidente da Associação de Reflorestadores de Mato Grosso (Arefloresta), Glauber Silveira, o problema hoje para que os projetos das usinas de etanol de milho caminhem em Mato Grosso é a liberação de licenças, em especial as para a ampliação de áreas voltadas para o cultivo de florestas plantadas visando a finalidade da biomassa para a geração de energia em tais usinas.

Ricardo Tomczyk e Glauber Silveira, vice-presidente da Abramilho e presidente da Arefloresta, em debate sobre a 2ª Revolução Econômica de Mato Grosso durante a feira AgroMT.
Ricardo Tomczyk, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM).

http://matogrossoagro.com.br/economia/industria/demanda-de-milho-para-etanol-deve-atingir-17-milhoes-de-toneladas-em-10-anos/1924