16.04.2025
Produção integrada, baixa pegada de carbono e capacidade de suprimento em larga escala posicionam o Brasil como protagonista em uma nova agenda mundial de descarbonização.
Com os desdobramentos recentes da política comercial dos Estados Unidos e o avanço de medidas protecionistas que afetam o mercado global de biocombustíveis, o setor brasileiro de etanol de milho se encontra diante de uma conjuntura que, embora desafiadora, revela oportunidades estratégicas para reposicionar o Brasil no centro da agenda de transição energética mundial.
A avaliação é da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), que tem intensificado sua presença internacional para ampliar o reconhecimento do etanol de milho brasileiro como um combustível avançado e sustentável, resultado de uma produção integrada, baseada na segunda safra, com baixo impacto ambiental, não concorrente com alimentos e com capacidade logística de escala.
“Temos um modelo único de produção, com alta tecnologia e sinergia entre culturas agrícolas. Em vez de competir com alimentos, agregamos valor à cadeia, produzindo etanol, DDG, óleo e energia de forma sustentável, sem avanço sobre novas áreas de cultivo”, afirma Guilherme Nolasco, presidente da Unem.
Um dos principais diferenciais do etanol de milho brasileiro em relação ao norte-americano está na matriz energética. Enquanto nos EUA o processo depende de gás natural, no Brasil utiliza-se cavaco de madeira de reflorestamento, o que reduz significativamente as emissões. Além disso, o modelo de produção nacional promove a integração de culturas, como milho e algodão, aproveitando adubos e insumos em ciclos complementares e otimizados — uma característica que tem ganhado destaque nos estudos internacionais de ciclo de vida e carbono.
Em 2024, cerca de 20% da produção brasileira de etanol de milho foi exportada para novos mercados, com foco no Oriente Médio e na Ásia, resultado direto do programa de internacionalização da UNEM, que já mapeou nove países prioritários para os próximos dois anos.
Mercado em transformação e novos blocos de poder
A recente imposição de tarifas pelos EUA sobre o etanol de milho importado por países como México e Canadá pode redirecionar fluxos globais e abrir brechas para o etanol brasileiro. “A medida pode inviabilizar exportações norte-americanas para mercados relevantes, abrindo espaço para produtores com diferencial ambiental e logístico, como o Brasil”, explica Nolasco.
A Unem também destaca a importância de fortalecer alianças regionais, como o Mercosul, e de avançar nas relações com a China, que recentemente abriu seu mercado ao milho brasileiro. “Queremos mais que exportar milho in natura. Nosso foco é agregar valor e mostrar ao mundo a potência que temos na produção integrada de alimentos, energia e fibras”, afirma.
Reconhecimento internacional e COP 30
Um dos principais desafios da UNEM é garantir que organismos internacionais reconheçam o etanol de milho brasileiro como um biocombustível de baixa pegada de carbono, com potencial para integrar rotas de descarbonização em setores como transporte rodoviário, aviação e navegação — especialmente no contexto da COP 30, que será realizada em Belém (PA), em 2025.
“Estamos construindo uma proposta que mostre como o Brasil pode liderar esse processo com soluções já disponíveis e escaláveis. O etanol de milho é o combustível do presente — e do futuro — com impacto direto na segurança energética, inclusão social e redução das emissões globais”, conclui o presidente da UNEM.
Assessoria de imprensa Unem
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