O Etanol de Milho e de Outros Cereais

A produção de etanol de milho e de outros cereais é um exemplo de como a inovação e a sustentabilidade caminham juntas no agronegócio brasileiro. A integração de tecnologias avançadas com práticas agrícolas sustentáveis vem convertendo o setor em referência na baixa emissão de carbono, eficiência energética e segurança alimentar.

Produção com Cerais de Segunda Safra

A utilização do milho, do sorgo, do milheto e de outras culturas de segunda safra na produção de etanol é uma estratégia que potencializa a sustentabilidade no campo. Essa prática permite o uso mais eficiente da terra, reduzindo a necessidade de expansão da área de cultivo, ao mesmo tempo em que oferece fonte adicional de renda para os agricultores. Além disso, o cultivo de cereais na entressafra aproveita o solo já preparado, otimizando insumos e água.

Baixa Intensidade de Carbono

O processo de produção de etanol a partir de cereais é caracterizado por uma baixa pegada de carbono, pela adoção de práticas de manejo sustentáveis no campo, como o plantio direto, múltiplas safras em um ano e revitalização de pastos degredados. Esse benefício é ampliado pelo uso de biomassa nas caldeiras das plantas industriais, substituindo combustíveis fósseis para gerar energia limpa e renovável, o que contribui significativamente para a redução das emissões de CO₂ no processo produtivo.

Integração com Outros Setores

A sustentabilidade do etanol de milho não se limita ao processo industrial, mas se estende à conexão com outros setores produtivos, como o florestal e o pecuário. A utilização de áreas de floresta de eucalipto para o fornecimento de biomassa e a intensificação da produção de proteína animal por meio da integração do consumo das fibras e grãos de destilaria (DDG, DDGD, WDG e outros) tornam o ciclo de produção ainda mais sustentável. A combinação dessas atividades permite o uso mais eficiente dos recursos naturais, promovendo um sistema agrícola de baixo impacto ambiental.

Captura e Armazenagem de Carbono de Bioenergia (BECCS)

Outro avanço significativo no setor é a implementação de tecnologias de captura e armazenagem de carbono de bioenergia (BECCS). Por meio desse processo, o CO₂ gerado durante a fermentação do milho é capturado e estocado de forma segura em camadas profundas do solo, contribuindo diretamente para a mitigação das mudanças climáticas. Isso faz com que o etanol de milho se torne uma solução ainda mais eficiente na redução de emissões.

Produção de SAF, Metanol Verde e Hidrogênio Sustentável

As plantas de etanol de milho também estão se tornando polos de produção de combustível sustentável de aviação (SAF), metanol verde e hidrogênio, três importantes componentes para a transição energética global. O SAF é fundamental para a descarbonização da aviação e encontra um insumo de baixa pegada de carbono e garantia de oferta constante no etanol de cerais e do óleo, que é um coproduto de baixa emissão e de alto valor agregado. Já o uso do CO₂ capturado na produção de etanol pode não somente ser estocado via BECSS, mas também sintetizado em metanol verde. E o próprio etanol pode ser reformado para produção de hidrogênio sustentável.

Por meio de processos limpos, o setor de etanol de milho vem se posicionando como protagonista na cadeia de produção sustentável do combustível do futuro.

RenovaBio e Certificações Internacionais

A participação no RenovaBio, programa brasileiro de incentivo à produção de biocombustíveis, reforça o compromisso do setor com metas de descarbonização, rastreabilidade dos seus processos e sustentabilidade. As plantas de etanol de milho que seguem as diretrizes do programa recebem notas de eficiência energética e ambiental, o que permite a emissão de Créditos de Descarbonização (CBIOs).

Além disso, o setor tem buscado certificações internacionais, reconhecidas globalmente, que atestam as boas práticas e o compromisso com a redução das pegadas de carbono. Essas certificações abrem portas para o etanol de milho e cereais, dos óleos, fibras e grãos de destilaria brasileiros nos mercados globais, destacando-o como um combustível renovável de baixíssimo impacto ambiental.