No Brasil, o cenário do etanol de milho é cada dia mais promissor e, neste processo de evolução, traz toda a cadeia produtiva transformando o grão em um protagonista do agronegócio brasileiro. A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) define a distribuição da rentabilidade entre a produção da matéria-prima e a industrialização do grão como economia circular.
“É um novo cenário. O milho não é mais um coadjuvante da cultura da soja, quando era única e exclusivamente uma estratégia de manejo, cobertura de solo, plantio direto e controle de nematóides. Não, é um ator hoje que deixa riquezas, renda e possibilita a gente continuar crescendo”, ressaltou o presidente da Unem, Guilherme Nolasco.
Os fatores que apontam para isso são: preço, previsão de oferta e demanda e segurança nos investimentos. “O milho hoje tem preço – até alguns anos atrás era mais caro o frete para o produto sair de Mato Grosso até chegar no Rio Grande do Sul que o preço da saca do grão. O produtor agora tem previsibilidade e capacidade de investir. É um conceito de economia circular, de ganha-ganha que movimenta toda uma cadeia. Não é só o etanol, é muita coisa que vem junto”, constata Nolasco.
Neste chamado círculo virtuoso, a Unem aponta a floresta plantada para fazer etanol, os DDG e DDGS que vão intensificar a proteína animal com mais bois confinados, produção de suínos e de aves. Ao comparar o faturamento da exportação do milho em grão com o faturamento do grão transformado em etanol, farelo de milho, óleo de milho e cogeração de energia, há um incremento de 50% ao longo da cadeia.
De acordo com Guilherme Nolasco, devido a exportação não ser tributada, há um aumento de 400% de faturamento em impostos que representam para o governo brasileiro mais capacidade para investir em infraestrutura, saúde, educação, contabiliza a entidade.
BOAS PERSPECTIVAS – Os números do relatório mensal de janeiro, elaborado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), indicam que o Brasil deve fechar a safra de milho 21/22 com cerca de 113 milhões de toneladas. Já a safra 2021/2022 deve atingir 3,49 bilhões de litros de etanol, um crescimento de 20% ante a safra anterior. Até 2030/2031, a produção de etanol de milho deve chegar próxima de 10 bilhões de litros.
“A produção nacional de milho deve crescer em torno de 25% até 2031, atingindo 124 milhões de toneladas. Essa produção, em grande parte de 2ª safra, vai sustentar os investimentos previstos no setor”, afirma Nolasco.
Em 2030/2031, a expectativa é que 22 milhões de toneladas de milho deverão ser destinados à fabricação de etanol e seus coprodutos. “A participação do setor no consumo de milho passará de 8% para 12% da safra nacional, enquanto vamos triplicar a produção de etanol até 2030”.
GARANTIA DE ETANOL – Quando ocorre quebra na safra de cana-de-açúcar, como aconteceu em 21/22, ou no período de entressafra, quando a disponibilidade de etanol de cana fica reduzida, o etanol de milho tem um papel preponderante na oferta do biocombustível.
“Neste período de dezembro a março que as usinas de cana de açúcar param de produzir, continuamos a ofertar o etanol no mercado, de forma complementar, não concorrente. O etanol de milho não tem pretensão de ser protagonista na cadeia de etanol, mas tem consciência da sua importância na complementação do etanol de cana-de-açúcar”, assegura o presidente da Unem.
Confira a entrevista do presidente executivo da Unem, Guilherme Nolasco, ao Notícias Agrícolas AQUI.