Al\u00e9m de ganhos em sustentabilidade, a industrializa\u00e7\u00e3o do milho para produ\u00e7\u00e3o de etanol, por exemplo, pode triplicar o valor agregado do gr\u00e3o. A afirma\u00e7\u00e3o foi feita nesta quinta-feira (21) durante a primeira Confer\u00eancia Internacional sobre Etanol de Milho, organizada pela Uni\u00e3o Nacional do Etanol de Milho e pela DATAGRO, em Cuiab\u00e1 (MT).<\/p>\n
\u201cO uso deste milho para produ\u00e7\u00e3o de combust\u00edvel sustent\u00e1vel leva a uma valoriza\u00e7\u00e3o do gr\u00e3o, de duas a tr\u00eas vezes, quando industrializado, porque agrega valor ao dar origem a outros subprodutos. Isso estimula a produ\u00e7\u00e3o de mais milho, e cria um c\u00edrculo virtuoso, beneficiando a ind\u00fastria, o com\u00e9rcio e com impacto positivo para o meio ambiente\u201d, comenta Plinio Nastari, presidente da DATAGRO. O evento discutiu oportunidades para o setor, com participa\u00e7\u00e3o da agroind\u00fastria do etanol de milho, produtores de cereais e de pol\u00edticos do Estado e do Congresso Nacional. Ao todo, a confer\u00eancia reuniu mais de 500 convidados.<\/p>\n
O deputado federal Arnaldo Jardim, relator do projeto Combust\u00edvel do Futuro, aprovado na C\u00e2mara dos Deputados e que agora tramita no Senado, integrou um dos pain\u00e9is. Tamb\u00e9m participaram outras autoridades, como Pedro Lupion, deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecu\u00e1ria, e de representantes da Apex Brasil, da Ag\u00eancia Nacional de Avia\u00e7\u00e3o Civil (Anac), Embrapa, Minist\u00e9rio das Rela\u00e7\u00f5es Exteriores, Ag\u00eancia Nacional do Petr\u00f3leo (ANP), Unicamp, dentre outras.<\/p>\n
O Brasil \u00e9 hoje o segundo maior produtor de etanol de milho do mundo. Desde o in\u00edcio da opera\u00e7\u00e3o da primeira ind\u00fastria full deste biocombust\u00edvel, em 2017, a produ\u00e7\u00e3o passou de 500 mil litros para 6,27 bilh\u00f5es de litros na safra 2023\/2024, que se encerra este m\u00eas. Todo esse potencial vai ao encontro das novas demandas mundiais por combust\u00edveis renov\u00e1veis e menos poluentes. De acordo com o presidente-executivo da Unem, Guilherme Nolasco, a cadeia do etanol de milho e cereais est\u00e1 inserida em um c\u00edrculo virtuoso de investimentos que integra cadeias de gr\u00e3os, pecu\u00e1ria, floresta e biocombust\u00edveis.<\/p>\n
\u201cO Brasil tem hoje uma grande responsabilidade para fornecimento de alimentos e de biocombust\u00edveis, produzidos de forma sustent\u00e1vel e complementar. A cadeia do etanol de milho \u00e9 um exemplo deste potencial de integra\u00e7\u00e3o de cadeia produtiva e que ainda tem enorme potencial de crescimento sobre os excedentes export\u00e1veis. Por meio da industrializa\u00e7\u00e3o do gr\u00e3o produzido em segunda safra, \u00e9 poss\u00edvel dobrar a produ\u00e7\u00e3o de etanol nos pr\u00f3ximos dez anos e, ao mesmo tempo, contribuir para intensifica\u00e7\u00e3o da pecu\u00e1ria e amplia\u00e7\u00e3o da oferta de alimentos\u201d.<\/p>\n
Mato Grosso, que sediou o evento, lidera a produ\u00e7\u00e3o de etanol de milho entre os Estados brasileiros, com 11 plantas em funcionamento, sendo seis exclusivas de etanol de milho e cereais. \u201cS\u00e3o estes investimentos que v\u00e3o alavancar a produ\u00e7\u00e3o de mat\u00e9rias-primas sustent\u00e1veis para a produ\u00e7\u00e3o de bioenergia, que inclui o biodiesel, o etanol, o biometano, e Mato Grosso \u00e9 um exemplo nesta dire\u00e7\u00e3o, com integra\u00e7\u00e3o com soja, com milho de segunda safra, a convers\u00e3o deste milho em etanol, DDG (gr\u00e3o de destilaria secos – do ingl\u00eas Dried Distillers Grains), \u00f3leo de milho, a transforma\u00e7\u00e3o da soja em farelo, que vira biodiesel\u201d.<\/p>\n
Avia\u00e7\u00e3o e Navega\u00e7\u00e3o<\/strong> – Em um dos pain\u00e9is, que abordou os mercados potenciais futuros, o evento discutiu o uso de biocombust\u00edveis na avia\u00e7\u00e3o, o chamado Combust\u00edvel Sustent\u00e1vel para Avia\u00e7\u00e3o (SAF, do ingl\u00eas Sustainable Aviation Fuel), e para a navega\u00e7\u00e3o. A FS Fueling Sustainability, participante da Confer\u00eancia, \u00e9 a primeira ind\u00fastria do setor a conseguir certifica\u00e7\u00e3o para produzir o SAF no Brasil e o tema desperta interesse de todo o setor como alternativa de mercado.<\/p>\n \u201cO combust\u00edvel sustent\u00e1vel de avia\u00e7\u00e3o \u00e9 um dos mercados promissores. Na DATAGRO, estimamos que a demanda por etanol nos pr\u00f3ximos anos ir\u00e1 triplicar, o que imp\u00f5e um senso de urg\u00eancia muito grande para ampliar a produ\u00e7\u00e3o de biocombust\u00edveis. Isso est\u00e1 sendo feito sem gerar competi\u00e7\u00e3o com a produ\u00e7\u00e3o de alimentos, ao contr\u00e1rio, estimula a produ\u00e7\u00e3o de mais gr\u00e3os\u201d, afirma Nastari.<\/p>\n Suplementa\u00e7\u00e3o animal (DDG\/DDGS)<\/strong> – Os produtos de nutri\u00e7\u00e3o animal resultantes da industrializa\u00e7\u00e3o do milho nas plantas de produ\u00e7\u00e3o de etanol, o DDG e o DDGS s\u00e3o extra\u00eddos a partir do processamento do gr\u00e3o. As fibras d\u00e3o origem a diferentes produtos, que geram suplementos nutricionais para bovino, su\u00edno e avicultura, dentre outras. \u201cOs resultados que temos em Piracicaba\/SP s\u00e3o consistentes em mostrar, de forma muito contundente, que estes coprodutos, seja fibras \u00famidas, as fibras secas e o DDGS, contam com valor energ\u00e9tico mais alto do que milho e farelo de soja, milho e caro\u00e7o de algod\u00e3o, milho e farelo de algod\u00e3o, todas estas combina\u00e7\u00f5es muito comuns nas dietas convencionais de confinamentos\u201d, afirma Fl\u00e1vio Augusto Portela, engenheiro agr\u00f4nomo da ESALQ\/USP, que lidera estudos na \u00e1rea financiados pela iniciativa privada.<\/p>\n De acordo com o gerente de Produ\u00e7\u00e3o e Desenvolvimento da Inpasa, neste ano, o setor deve produzir cerca de tr\u00eas milh\u00f5es de toneladas de DDG. Ind\u00fastrias do setor estimam que a produ\u00e7\u00e3o salte para sete milh\u00f5es na safra 2029\/30. \u201cA produ\u00e7\u00e3o dever\u00e1 mais que dobrar e o Brasil come\u00e7a a se posicionar no mercado internacional para destinar parte dessa produ\u00e7\u00e3o e agregar valor ao produto\u201d, explica ao falar sobre as exporta\u00e7\u00f5es de DDG\/DDGS.<\/p>\n L\u00edder de pesquisa da DATAGRO Pecu\u00e1ria, Jo\u00e3o Ot\u00e1vio Figueiredo diz que a cadeia integrada garante maior seguran\u00e7a no fornecimento da suplementa\u00e7\u00e3o. \u201cO pecuarista vai intensificar sua produ\u00e7\u00e3o \u00e0 medida que este custo feche. O grande desafio que se tinha na intensifica\u00e7\u00e3o do boi no Brasil era uma entrega de suplemento, de mat\u00e9ria-prima, com suplementos interessantes, e hoje, com a cadeia integrada com etanol de milho, voc\u00ea consegue ter uma garantia de suplemento, porque a usina vai moer\u201d, destaca.<\/p>\n A primeira Confer\u00eancia Internacional sobre Etanol de Milho contou com o patroc\u00ednio de ALD Bioenergia, Dan Power, FS Fueling Sustainability, HPB, ICM, IFF, Inpasa, Lallemand, Neomille, Novonesis, Agrion Fertilizantes, Air & Parts, Benri, Deag, Gemma, OCC, Puro, Startagro, Aprosoja, Caldema e Weg.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" Al\u00e9m de ganhos em sustentabilidade, a industrializa\u00e7\u00e3o do milho para produ\u00e7\u00e3o de etanol, por exemplo, pode triplicar o valor agregado do gr\u00e3o. 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